
Estudante de Jornalismo apaixonado por artes marciais, começou a cobrir esportes de combate aos 16 anos de idade, tendo entrevistado grandes lendas do esporte, como José Aldo, Maurício Shogun, Demian Maia e Rafael Cordeiro. Já atuou como comentarista em eventos do MMA Internacional, como o ONE FC e PFL. Nesta coluna fará análises de forma imparcial sobre os maiores eventos e lutadores do mundo da luta.
Nocaute
Kamaru Usman prova que é gênio do esporte

Sem dúvida o duelo contra Gilbert Burns seria um dos maiores desafios da carreira de Kamaru Usman. Foram longos anos realizando sparring com o brasileiro, querendo ou não, você acaba mapeando os movimentos e fraquezas do adversário. Não munda da noite para o dia um estilo de luta segmentado, são longos anos para adaptar seu jogo e estilo de luta, portanto, campeão e desafiante se conheciam como a palma da mão.
O grande John McCarthy afirmou em um podcast que ambos já sabiam quem seria o vitorioso na disputa de cinturão e insinuou que Durinho, por estar mais confiante, teria sua mão levantada. Logo de cara lembrei da minha jornada nos tatames e de uma história que quebraria qualquer raciocínio semelhante ao de big John.
O melhor lutador sub-17 da academia do mestre Ichikawa se chamava Paulo, ele conseguiu chegar à seleção brasileira de judô pela ótima movimentação e posições sólidas. O engraçado é que alguns meninos conseguiam prevalecer sobre ele em vários momentos e aspectos, mas quando chegava nos campeonatos, a mentalidade do Paulinho mudava. O cara crescia nas horas decisivas e conseguia viradas históricas. Isso fez eu perceber que na luta profissional outros aspectos entram como fatores determinantes.
Usman sobreviveu ao ímpeto inicial do brasileiro e acabou sofrendo até um flashdown, após um overhand de direita. A partir daí, Gilbert se precipitou e acabou se afobando na hora de decidir o combate. Já o nigeriano apresentou uma resiliência e frieza perfeitas. No segundo round, dominou o centro do octógono e aplicou uma ótima sequência de jabs, calculando a distância do oponente e impulsionando o freio do rival. No momento final, o campeão trocou de base e aplicou um jab perfeito de direita (sua mão forte) e levou Durinho para o solo, totalmente fora de combate.
Burns está de parabéns, é totalmente compreensível o momento de nervosismo e precipitação no combate. O brasileiro é novo, possui uma fome de luta gigantesca e pode voltar logo ao octógono mais famoso do mundo. Já Usman mostrou sua genialidade, o nigeriano foi inteligente, frio, dinâmico e, principalmente, resiliente no momento complicado. O próximo passo é provar que alguém pode bater o recorde de Anderson Silva. O Spider possui a maior sequência de vitórias, são 16, e Kamaru está muito próximo, com 13 triunfos.