
Acredita no poder de contar uma história e que se for possível fazer a diferença para uma única pessoa, terá cumprido o seu papel. É formado em Jornalismo e tem especialização em Mídias Sociais. Atualmente no Bandsports, conta com passagens pela TV Band, ESPN, Olimpíada Todo Dia e Gazeta de Santo Amaro.
Ruan, da Tijuca para a Major League Soccer

Se tem uma palavra que pode resumir a carreira de alguns jogadores brasileiros é perseverança. Esse também é o caso de Ruan Gregório Teixeira, cuja história será contada nesta semana no blog.
O brasileiro de 26 anos é natural do Rio de Janeiro e atua como lateral direito na equipe do Orlando City, tradicional time que disputa a Major League Soccer, a primeira divisão do futebol dos Estados Unidos.
Alguns devem lembrar dele como jogador de Inter e Ponte Preta antes da saída do país, mas a carreira teve um início um pouco mais complicado.
“Eu joguei a terceira e a segunda divisão do Carioca pelo Clube Atlético Barra da Tijuca. Na terceira eu nem joguei, só treinava. Quando eu fui para a segunda divisão que as coisas começaram a acontecer, eu tive a oportunidade e fui para o Madureira logo em seguida, mas é muito difícil, pois só tem uma competição e o time não avançando para as fases finais o calendário é muito curto, são três meses de campeonato e aí acaba tudo. Tem que arrumar empréstimo ou o jogador acaba encostado até começar outra competição. Foi muito difícil esse processo, mas graças a Deus eu passei por isso tudo, aprendi muito e dou muito valor”, explica o defensor que está no seu terceiro ano defendendo as cores dos Leões, apelido dado ao clube da Flórida.
Ida ao profissional na adolescência e chegada na Série B
O caminho muitas vezes pode não ser glorioso para quem inicia em divisões inferiores. O desafio é sempre maior e a necessidade de se provar também, principalmente para um dos mais jovens a integrar o elenco profissional de um clube.
“A minha formação de base foi no Clube Atlético Barra da Tijuca, onde eu aprendi muito por ser o jogador mais novo a estar no profissional com 16 anos, mas não só um jogador de futebol, ser uma boa pessoa, um homem de caráter e um grande profissional como hoje eu sou”, relembra.
Após o término das competições estaduais, o jovem jogador conseguiu ser emprestado para continuar a jogar em divisões superiores, como foi o caso de dois campeonatos consecutivos defendendo o Madureira, justamente em campanhas boas da equipe nas temporadas de 2016 e 2017.

No segundo ano, inclusive, a boa campanha despertou a atenção do Boa Esporte e rendeu um empréstimo para jogar a Série B pelo clube: “Em relação ao Boa Esporte foi uma visibilidade muito boa, pois poderia arrancar a minha carreira jogando na Série B do Brasileiro pela primeira vez”, completa.
E o desempenho no Boa Esporte rendeu ainda mais dois empréstimos a dois clubes tradicionais do futebol brasileiro, como o Internacional e a Ponte Preta, ainda na Série B em 2018. A temporada em que defendeu os dois clubes permitiu uma nova oportunidade ao jogador de atuar nos Estados Unidos.
Adaptação fácil e elogios ao desenvolvimento da MLS
Contratado por empréstimo e com opção de compra, Ruan defende o Orlando City há três temporadas. Quando da sua negociação, o time ainda pertencia a Flavio Augusto, brasileiro que comprara a equipe, então era gerida por brasileiros, o que ajudou muito na sua adaptação. Hoje, além de João, outros quatro brasileiros fazem parte do elenco do Orlando, que praticamente divide o time principal em 50% entre jogadores locais e estrangeiros.
“Estar numa equipe que era de donos brasileiros e pessoas que falam o nosso idioma, você consegue se habituar mais rápido. Tem muitos estrangeiros também e isso é legal porque o nível do futebol continua o mesmo, não diminuí, os estrangeiros que temos são de alto nível, de seleção, e tem nos ajudado nos últimos anos”, comenta.
No ano anterior, em meio a pandemia, a Major League Soccer fez um torneio diferente para a retomada do futebol no formato bolha: o “MLS is Back”, um formato para definir o campeão daquela temporada e que teve o Orlando City como o segundo vice e Ruan como o melhor lateral-direito da competição.

“O futebol aqui na MLS tem crescido muito nos últimos anos e as equipes estão se fortalecendo a cada ano que passa e contratando bons jogadores e a gente pode ver pelos brasileiros que estão vindo para cá, como é o caso do Brenno, do Alexandre Pato. Eu creio que vai crescer cada vez mais, é diferente do futebol brasileiro, mas está sendo uma oportunidade incrível”, fala.
Com mais de 50 jogos pelo clube estadunidense, o contrato do jogador tem ainda a opção de ser renovado por mais uma temporada e ele iria assim para a quarta temporada com o clube. Apesar de ter atuado somente na Série B do futebol brasileiro e ter tido passagens rápidas por Internacional e Ponte Preta, o jogador admite que ainda pretende seguir uns anos fora do país antes de retornar e continuar a história que começou a escrever por aqui.
“Eu penso em continuar aqui, a minha família está muito feliz. Eu penso em ter a oportunidade de ir para a Europa. Não penso muito em voltar para o Brasil, mais para frente quem sabe”, finaliza.